Texto por Carlos Augusto Monteiro. Fotos ilustrativas.

O death metal no Rio de Janeiro vai bem, obrigado. Isso ficou claro na última quinta-feira, quando a casa de shows Agyto, na Lapa, recebeu os americanos do Incantation e as brasileiras da Crypta para o início da turnê conjunta das bandas no Brasil, com datas que vão até 20 de maio, em São Paulo. 

 

Apesar de não ter sido a headliner, a Crypta atraiu boa parte do público e vive um ótimo momento de popularidade no underground. Em rede social, a agência e coprodutora Xaninho Discos chegou a mencionar que “na verdade elas vão tocar por primeiro apenas por respeito, muitos dos fãs da Crypta nem conhecem os americanos e vice-versa “.

 

Formada por Fernanda Lira (vocal e baixo), Luama Dametto (bateria), Tainá Bergamaschi (guitarra) e Jessica di Falchi (guitarra), a Crypta tem apenas um disco lançado (“Echoes of the Soul”), mas graças à fama pelas carreiras anteriores de Fernanda e Luana na Nervosa, a capacidade de se conectarem com os fãs e um show muito bem coreografado, amparado por boas canções, vem alcançando um lugar especial no metal brasileiro. 

 

 

Acabaram de voltar de uma turnê pelos Estados Unidos, que embora bem sucedida teve um momento de muita tensão: a passagem de um tornado pela cidade de Belvidere, no Illinois, que deixou um fã morto e vários feridos, além de ter destruído o motorhome que servia de transporte e casa para a banda. No entanto, graças a uma arrecadação online, elas conseguiram em menos de 24 horas o dinheiro necessário para bancar o prejuízo.


O apoio não passou em branco durante o show, já que Fernanda agradeceu publicamente a comunidade do metal. Também mencionou que provavelmente a próxima vez que se apresentarem no Rio será a bordo do novo disco, que já está em produção. Enquanto isso, os fãs puderam curtir petardos como “Death Arcana”, “Kali”, “Starvation”, “Dark Night of the Soul” e o grande encerramento com “From the Ashes”.  

 

Em turnê comemorativa de 30 anos, o Incantation fez um show competente com uma aula de death metal. Único membro original, o guitarrista e vocalista Johh McEntee hoje parece um Max Cavalera de cabelos e barba brancos e foi bastante solícito com os fãs antes do show.

No mezanino da casa, ele e o baixista Chuck Sherwood assistiram à apresentação da primeira banda da noite, os paulistanos do Vazio, e parte da Crypta, atendendo e acenando para os fãs sempre que chamados. No setlist, canções como "Pest Savagery", "Deliverance of Horrific Prophecies", "Desecration (Of the Heavenly Graceful)" e  o encerramento com “Impending Diabolical Conquest”. 

 

O black metal do Vazio abriu os trabalhos, com menos público porém uma galera atenta que aplaudiu bastante a boa presença de palco e o repertório potente de canções como "Elementais da Matéria Obscura", "Emanações Sinistras da Escuridão Primordial (Ancorado no Último dos Infernos)" e "Eterno vazio".

 

Um agradecimento ao convite e destaque para a produção local da Tomarock Produções, sempre alinhada com ideias progressistas, que exibiu no telão entre os shows diversas mensagens de apoio a causas e minorias, como o aviso de que as pessoas trans tem direito a entrada gratuita em todos os eventos, o alerta para as mulheres que se sentirem incomodadas com algo para avisar a produção e o lema “sem espaço para sexismo, fascismo, racismo e homofobia”.