Texto por Rômulo Konzen.

 

 

Às 19h do dia 16 de novembro adentro uma Arena do Grêmio cheia como poucas vezes vi. Faltavam pouco menos de duas horas até o horário marcado para o Red Hot Chili Peppers subir ao palco e os espaços já estavam quase todos preenchidos. Reflexo da disputa acirrada pelos ingressos, que esgotaram poucos dias após o anúncio da passagem da banda por terras gaúchas.

 

Enquanto aguardava o começo do show encontrei figuras conhecidas dos mais diversos meios: políticos, radialistas, músicos e influencers. Parecia que Porto Alegre inteira estava ali. E de fato, 50 mil pessoas estavam.

 

Infelizmente a entrada da imprensa foi permitida apenas às 19h, o que nos fez perder a banda local, 69Enfermos. Porém consegui assistir o Irontom, grupo que tem acompanhado o Red Hot durante a turnê e achei a apresentação divertida, apesar do nepotismo (o baterista da Irontom é filho de Jack Irons, antigo baterista do Red Hot Chili Peppers), e da presença de palco esquisita do vocalista Harry Hayes, que mais parecia um fã emocionado por estar no palco, do que um frontman.

 

Com 5 minutos de atraso entram no palco Flea (plantando bananeira), Chad Smith e John Frusciante para começar o show já com uma jam. Essas recorrentes durante a noite. Apesar de curtas, o grupo fez umas 3 jams ao decorrer do show, onde pudemos ver Flea e Frusciante brincarem à vontade com seus instrumentos.

 

Inclusive, preciso dedicar um momento para falar de Flea. Já assisti ao vivo baixistas que gosto muito mais, porém, nunca havia me impressionado tanto com uma performance de baixo como nesta noite. Flea além de exalar carisma – inclusive foi o responsável por 90% das interações com o público – é um baixista excepcional, durante aproximadamente 1h40 de show, ele nunca ficava no básico. É a alma da banda.

 

E se tem algo que estava faltando no Red Hot Chili Pepers há no mínimo uma década, era alma. Confesso que fui com pouca expectativa pois já era de conhecimento geral que eles andavam há tempos fazendo shows protocolares e burocráticos, emanando um clima de que queriam estar fazendo quaisquer outras coisas do que se apresentarem, mas fui surpreendido, pelo menos por três quartos da banda. Flea, Chad e Frusciante pareciam se divertir muito. Estavam no mundinho deles, como se tocassem em uma garagem, felizes e empolgados, enquanto Anthony Kiedis cantava sem interagir com a plateia e provavelmente pensando na novela que estava perdendo.

 

Um ponto divisor de opiniões foi o setlist, que trouxe poucos clássicos, agradando os fãs mais apaixonados e deixando boa parte das 50 mil pessoas ali presentes entediada. O que a meu ver é um erro grotesco quando está tocando para um público tão grande. Isso acabou gerando uma desconexão entre banda e audiência, que pareciam unidas apenas quando os maiores hits surgiam. O bis com três músicas, contendo apenas “Give It Away” de hit foi um balde de água fria.

 

1 – Intro Jam

2 – Can't Stop

3 – Scar Tissue

4 – Snow ((Hey Oh))

5 – Here Ever After

6 – Terrapin (Syd Barrett cover)

7 – Havana Affair

8 – Eddie

9 – Parallel Universe

10 – Soul to Squeeze

11 – Me & My Friends

12 – Strip My Mind

13 – Tippa My Tongue

14 – Tell Me Baby

15 – Californication

16 – What Is Soul? (Funkadelic cover)

17 – Black Summer

18 – By the Way

BIS

19 – Sir Psycho Sexy

20 – They're Red Hot (Robert Johnson cover)

21 – Give It Away

 

Apesar dos pontos negativos como o setlist pouco convidativo e consequentemente a banda se divertindo sozinha (ao menos eles se divertiram desta vez), devo ressaltar que foi uma das melhores qualidades de som que já presenciei. Podia-se ouvir todos os instrumentos com clareza de diversos pontos do estádio (pelo menos por onde consegui andar na pista premium). As projeções psicodélicas nos telões e as luzes também ajudaram a criar um clima lindo. 

 

Em resumo, um show maravilhoso para quem é muito fã de Red Hot Chili Peppers, e um show legal para quem nunca saiu das coletâneas e sucessos do rádio.