Por Carlos Augusto Monteiro.

Uma coisa da qual me orgulho e até brinco com isso, chateando meus amigos do Crazy Metal Mind, são os shows que assisti nas décadas de 90 e 2000. O momento fértil para shows era uma combinação de ingressos não tão caros, menor disputa para comprá-los e, claro, a quantidade de anos de vida que acumulei, que me permitiram vivenciar essas experiências. Ah, sim, também ajudava o fato de o Rio ser uma capital que atraía mais shows que as demais, junto com São Paulo.

Essa introdução é para apresentar mais uma série que estou lançando aqui com shows que assisti e considero clássicos. Vou começar pelo ano de 1992, mais especificamente no mês de janeiro, em mais uma edição do finado festival Hollywood Rock. Foi a incrível noite em que vi Extreme e Skid Row em uma só tacada. 

Para quem, como eu, só tinha assistido a um show internacional (a noite de Guns n´Roses e Faith no More no Rock in Rio II), começar 1992 dessa maneira foi muito emocionante.

Estourados no Brasil por causa dos clipes em alta rotação na MTV, Extreme e Skid Row só rivalizavam naquela edição do Hollywood Rock talvez com o Living Colour, mas não há dúvida de que os trejeitos e bicos de Sebastian Bach e Nuno Bettencourt atraíam mais as adolescentes fanáticas. Segundo a imprensa da época, "do total de ingressos vendidos antecipadamente, as noites do Skid Row respondiam por 45% da receita". 

Matéria do jornal O Globo, de 1992, aliás, já mostrava que o trunfo da banda estava “na figura do vocalista Sebastian Bach com sua vasta cabeleira loura biquinho e pose de sexy star".  É claro que, como tudo que envolve o hard rock "farofa", o tom da matéria é debochado. O repórter diz que Sebastian não gostava de dar entrevista e "só gostava de posar".

Mas, no texto, o guitarrista Dave "The Snake" Sabo devolve a ironia. Perguntado qual era sua opinão sobre Bruce Springsteen, por virem da mesma cidade (New Jersey), Snake disparou: "Não tenho nenhuma opinião sobre ele. Eu nunca escutei um disco de Bruce Springsteen". Como se fosse possível crescer em New Jersey e sequer ouvir algo de Bruce.

Fechando a noite após o Extreme, Sebastian levou o público ao deírio com a turnê do álbum "Slave to the grind", que marcava a entrada da banda num estilo mais pesado que seu primeiro trabalho. Mas isso, é claro, não impedia que executasse baladas incríveis como "Wasted Time", "In a darkened room" e "I remember you", quando inclusive fez uma declaração de amor ao Rio, afirmando, em português, que "o Rio é a cidade mais linda do mundo".

Eu havia comprado o "Slave to the grind" nos Estados Unidos um ano antes, uma edição incrível com uma caixa de papelão ilustrando a imagem da capa, uma pintura do pai de Sebastian. E ver este painel gigante cobrindo toda a parte de trás do palco foi uma cena inesquecível.

Já o Extreme também estava em alta muito por causa da execução intensa de "More than words" nas rádios e na MTV. O álbum da turnê era o incrível Pornograffitti (tema do episódio #199 do Crazy Metal Mind). A popularidade também era grande pela aparição, no ano anterior, no "Tributo a Freddie Mercury", espetáculo em homenagem ao vocalista do Queen, ocorrido no estádio de Wembley, na Inglaterra. Aliás, a banda também executou "Love of My Life" no show do Rio.

Foi muita emoção para o meu coração farofa, que ainda viveria outros momentos inesquecíveis como esses ao longo dos anos. O próprio Skid Row, aliás, ainda voltaria no mesmo ano!

Por isso, fique comigo nessa viagem e até a próxima!