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Escrito por Christian Heit (o popular, Murilo Armageddon)

A noite de 21 de julho de 2012 ofereceu uma oportunidade única para quem foi ao Teatro do CIEE em Porto Alegre. Há muitos anos inativa, a banda Viper encerrou uma turnê de reunião comemorativa dos 25 anos do lançamento do seu primeiro disco com um belo show de heavy metal. A espinha dorsal do repertório desta turnê se definia pela execução na íntegra dos dois primeiros discos do grupo, Soldiers Of Sunrise e Theatre Of Fate, e alguns bônus no bis.

1ª Parte: Soldiers Of Sunrise
Devo adiantar aos leitores que não conheço este disco muito bem, pois tentei escutá-lo algumas vezes, tendo comprado ele numa edição conjunta com o Theatre…, mas não conseguiu me cativar como este último. É um disco bem cru e com uma gravação um tanto quanto tosca, que, por este aspecto (vejam bem, eu disse ESTE ASPECTO), me lembra o ícone do Heavy Metal Kill ’Em All do Metallica. Justamente por isso, fiquei surpreso com a qualidade da sua execução, que, com todos os recursos disponíveis hoje, teve uma sonoridade muito melhor que na gravação.

Nesta parte do show que fui mais observador que “participante” aproveitei para reparar nas reações da platéia, e constatar: como é bom reparar na animação de algumas pessoas (algumas até de mais idade), que com certeza estavam revivendo momentos de décadas atrás, que, deviam imaginar, dificilmente iriam poder conferir ao vivo.

Um destaque da apresentação (para bem E para mal) era o baixista Pit Passarel, visivelmente entorpecido. Mostrando muita empolgação no que fazia, mesmo enrolando a língua a falar e deixando a desejar em alguns momentos da performance, compensava os percalços com uma personalidade carismática que fazia a graça para o público.

Ao final desta primeira parte, foi mostrado um vídeo documentário num telão, com depoimentos dos membros falando sobre o começo da trajetória da banda e trazendo imagens daquela época, quando eram bastante jovens (na faixa dos 14-16 anos). Ao término do vídeo, há um gancho para a “introdução” do próximo disco, “Illusions”, que funciona muito bem.

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2ª Parte: Theatre Of Fate
Este é um disco especial. Apesar de eu preferir dezenas de outros discos da minha coleção à ele (por questão, elementar, de gosto), é um dos poucos que eu considero irretocáveis. Do início ao fim uma jóia rara, coeso como poucos conseguem ser. Há uma evolução latente do Soldiers Of Sunrise em todos os aspectos, desde a composição até a produção. É uma combinação muito bem equilibrada de agressividade e melodia, cujas letras tratam de temas predominantemente soturnos, como a inevitabilidade das frustrações que a vida e amadurecimento do indivíduo acabam trazendo.

Havia um bom tempo que eu não experimentava, em um show, tamanha sensação de privilégio quanto nesta noite, pela, até poucos meses atrás, improbabilidade de poder ver esta pérola do passado executada na íntegra.

Até Pit Passarel, levemente recomposto, parece mais compenetrado na execução destas músicas. A banda atravessa este disco empolgando ainda mais o público e contando com grande frenesi da parte deste obviamente no ápice da noite, a clássica “Living For The Night”.

Bis:
Para encerrar a noite, o Viper toca, numa postura ainda mais descontraída, três músicas do disco seguinte da banda, Evolution, sendo a última uma versão bem mais pegada de “We Will Rock You” do Queen.

Ao longo da já histórica apresentação, era possível perceber na cara dos músicos a satisfação por compartilhar aquele momento especial com mais um público do Brasil, revivendo uma época promissora e inspirada do metal nacional. E não uso essa expressão à toa, pois sobrou até provocação indireta para o ex-vocalista do Angra, Edu Falaschi, que recentemente criticou a falta de apoio ao cenário e as bandas do gênero no país.

Vale também ressaltar algo que já virou característico das vezes que Andre Matos se apresenta por aqui: no meio do show, o vocalista quis mostrar aos colegas de banda o orgulho sentido pelos gaúchos ao cantar o hino do Rio Grande do Sul e pediu aos presentes que entoassem o cântico. Algo que, segundo ele só ocorre aqui e em apenas outro estado brsileiro (se não me engano, Pernambuco).

Encerrado o show, fica a realização por ter aproveitado esta oportunidade ímpar e muito bem-vinda que, espera-se, algum dia possa surgir novamente.

Setlist:

1ª parte: Soldiers Of Sunrise
*Knights of Destructiom
*Nightmares
*The Whipper
*Wings of the Evil
*Signs of the Night
*Killera (Princess of Hell)
*Soldiers of Sunrise
*Law of the Sword
*H. R.

2ª parte: Theatre of Fate
*Illusions
*At Least a Chance
*To Live Again
*A Cry from the Edge
*Living for the Night
*Theatre of Fate
*Moonlight
*Prelude to Oblivion

Bis
*Evolution (curto trecho)
*The Spreading Soul
*Rebel Maniac
*We Will Rock You

Let’s play HEAVY METAL!