Texto e fotos por Rômulo Konzen.

 

Neste último sábado, dia 15/09 aconteceu em Porto Alegre no Anfiteatro Pôr do sol o festival gratuito Samsung Best of Blues que contava com 5 bandas/artistas focados em música instrumental guiadas pelas guitarras.

 

As apresentações começaram pontualmente as 18h com a banda de abertura General BoniMores, que apesar de tocar apenas duas canções já fez o público ter uma boa noção do que viria pela frente naquela noite nublada. Um show apesar de curtíssimo, super energético e animado. Suas canções ainda que instrumentais não focam em um instrumento em especifico e não apresentam virtuosismo que muitas vezes acaba se tornando chato para o público mais leigo. A General apresentou duas músicas super palatáveis e empolgantes, com uma performace igualmente animada.

 

(Chico Frandoloso – General BoniMores)

 

Logo após, foi a vez da guitarrista Isa Nielsen dar as caras. Com uma proposta muito mais focada na guitarra e no virtuosismo, Isa fez um show belíssimo e pesado ao mesmo tempo. Demonstrou com maestria sua habilidade no instrumento e animou bastante o público com alguns covers, entre eles Hocus Pocus da banda Focus e Sgt Peppers dos Beatles (ambas sem vocais).

 

Foi no show dela que os telões começaram a transmitir imagens da banda tocando e não apenas projeções psicodélicas ou propagandas do festival. O que deixou a apresentação muito mais bonita visualmente falando e também permitiu com que as pessoas enxergassem de longe, afinal o público começava a aumentar massivamente.

 

(Isa Nielsen)

 

Por volta das 19h entraram no palco os nordestinos da Camarones Orquestra Guitarristica. E aqui quero atenção especial de vocês leitores. 

 

Nunca tinha ouvido falar da banda então a espectativa estava baixa. Porém, foi o melhor show de todo o festival na opinião deste que vos escreve.

 

Também com músicas de fácil digestão para o público, a Camarones apresentou o show mais empolgante e animado da noite. A presença de palco do grupo é contagiante e o destaque fica com a baixista Ana Morena, que simplesmente hipnotiza o espectador.

 

Ana, além de dominar seu instrumento, passa o show inteiro se divertindo, dançando, batendo cabeça e sorrindo. Fiz uma comparação cômica para um amigo durante o show: "Essa mulher é o Ronaldinho Gaúcho do baixo, ela faz tudo sorrindo e se divertindo muito". Confesso sem medo de errar que pela primeira vez na vida me emocionei ao ver alguém tocando baixo (e eu sou baixista). Fiquem de olho nessa garota e em sua banda, ela nasceu para os palcos.

 

(Ana Morena – Camarones Orquestra Guitarristica)

 

Foi então que chegou a vez do primeiro show da noite esperado por mim, John 5.

 

Já havia assistido ao John 5 tocar no show do Rob Zombie e estava muito curioso para saber o que a carreira solo dele tinha a oferecer, principalmente ao vivo.

 

Foi sem sombra de dúvidas o show mais teatral e produzido, com figurino, atores fantasiados de monstros entrando no palco, e mascaras usadas pelo guitarrista. Mas achei a apresentação mais cansativa do festival. John 5 é o típico guitarrista virtuoso. Domina seu instrumento por completo, mas não empolga muito a menos que você também seja guitarrista. John abusa de efeitos e brincadeiras com a guitarra que por vezes soam muito experimentais e psicodélicas. A teatralidade da apresentação é um bom contraponto a musicalidade. Divertido mas cansativo.

 

(John 5)

 

E por fim chegamos ao headliner Tom Morello.

 

Morello começou a apresentação lá nas alturas, com músicas pesadas e CANTANDO, o que deu uma boa aliviada para quem já estava cansado de 3h de música instrumental. 

 

Não houve dúvida de que a maioria do público foi até o anfiteatro para assistir o ex guitarrista do Rage Against the Machine e Audioslave. Foi certamente o artista recebido com mais entusiasmo e que teve o show mais participativo por parte da galera. 

 

Apesar de cantar umas 3 ou 4 canções, o foco também foram músicas instrumentais e de sua carreira solo. Seu show ficou dividido entre canções animadas e pesadas e viagens com a guitarra. Destaco dois pontos altíssimos do show: ao mostrar a parte de trás de sua guitarra e revelar um cartaz escrito "Justiça por Marielle" que fez a plateia ovacionar em uníssono, e a música Killing in the Name do Rage Against, onde o público fez os vocais enquanto Morello pulava pelo palco tocando empolgadíssimo.

 

O festival encerrou as 22h e pouco e foi uma noite maravilhosa pra quem aprecia boa música. Tudo isso de graça para quem quisesse assistir. Esperamos por mais iniciativas assim, que fomentem a cultura em nossa cidade. Parabéns aos envolvidos.

 

(Tom Morello)

 

(Isa Nielsen)

 

(Camarones Orquestra Guitarristica)

 

(John 5)

 

(Tom Morello)

 

Destaque especial para Tom Morello postando foto tirada por mim para o Crazy Metal Mind em sua conta pessoal do Instagram: