Texto por Rômulo Konzen e fotos por Natália Winter.

 

 

Na última sexta-feira, 21/09 tivemos o prazer de assistir a uma dobradinha de shows que sempre me fazem feliz. No Bar Opinião em Porto Alegre tocaram Tequila Baby e Raimundos, duas bandas que tenho um carinho gigantesco, e apesar de já ter assistido ambas, ve-las juntas é uma experiência sensacional.

 

Todo rockeiro gaúcho tem em seu currículo alguns shows do Tequila Baby. A banda já é um clássico do nosso estado, sendo o maior expoente quando o assunto é punk rock, então o público já estava entregue desde a primeira canção. Todas as músicas foram cantadas em uníssimo, inclusive em alguns momento a voz de Duda Calvin era engolida pelo som da plateia cantando. Duda que desta vez estava mais reservado, deixando todo o papel de frontman com o guitarrista James Andrew, que fez a comunicação com o público o show inteiro. E não foi pouca comunicação.

 

Inclusive, minha única crítica a apresentação foram as enrolações que a banda fez. O show que vinha animado, empolgante e com a plateia fervendo era frequentemente amornado com as brincadeiras do guitarrista (sempre bem divertidas e cheias de carisma, mas muuuuito enroladas). Perdeu-se uns 10 a 15 minutos de show com Andrew orsquestrando uma aula de stage diving para uma garota que foi convidada a subir ao palco, que poderia ter sido resumida com um simples "vai, te joga na galera". Houveram mais alguns momentos desse tipo, onde o guitarrista apareceu tocando no mesanino e depois voltou para o palco pelo meio do pessoal. Tudo muito divertido, mas que fazia o público que estava sedento por punk rock esfriar.

 

Porém, no balanço geral foi um grande espetáculo. Tocaram os clássicos da sua carreira e com muita energia no palco. Um verdadeiro show de rock.

 

 

Foi com 40 minutos de atraso, a 1h40 da manhã, e com o público já impaciente que o Raimundos sobe ao palco executando logo de cara a sequencia "Mulher de Fases", "A Mais Pedida" e "Nega Jurema", o que acabou com a cara de cansaço de qualquer um.

 

Se o Tequila Baby é um clássico do RS e tem o público ganho logo de, o Raimundos é um clássico nacional, ou seja, não tem tempo ruim para a banda, que despejou seus clássicos de ambas as fazes um atrás do outro.

 

Acho bizarro em 2018 ainda ter que se tocar neste assunto, mas como muita gente reclama da ausencia de Rodolfo quando o assunto é Raimundos, vamos lá. Nunca achei que Rodolfo tivesse feito falta na banda, pois os discos posteriores são tão bons quanto os clássicos e o espirito da banda permaneceu o mesmo. E este sendo o segundo show do Raimundos que assisto, continuo tendo essa certeza. Digão e Canisso acompanhados de Marquinhos e Caio não devem nada para a formação clássica. O único fator que pudesse ser prejudicado era o carisma em cima do palco, coisa que Digão e Canisso tiram de letra.

 

No final da apresentação ainda fomos presenteados com uma surpresa. Raimundos chamou o Tequila Baby para subir ao palco e tocar algumas canções com eles, foi aí que aconteceu um bloco de 3 covers dedicado ao Ramones, banda que é principal influência dos dois grupos. E ainda encerraram a noite ao lado do Tequila cantando um dos maiores clássicos "Eu Quero Ver o Oco".

 

Vivo batendo na tecla de que nesses casos de shows em conjunto ou festivais onde bandas/artistas que são parceiras, amigas e tem uma boa relação fazem shows, deveria-se rolar muito mais desses convites. É sempre uma alegria absurda para os fãs verem duas bandas dividindo o palco. Que o Raimundos e o Tequila Baby sirvam de exemplo. (Nunca perdoarei Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister por não terem tocados pelo menos uma música juntos no festival Monsters que rolou aqui em Porto Alegre anos atrás. Eles tem até composições em parceria).

 

(Tequila Baby)

(Raimundos)