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PS: Post feito por Christian Heit, o popular “Murilo”

Antes de qualquer relato, vamos esclarecer algumas coisas:

1) Apesar dos 27 anos de vida, sou um fã novato de Pearl Jam, o que é, de certa forma vergonhoso. Esta bela banda deveria ter recebido minha atenção há mais tempo. Logo, esta será uma descrição mais pessoal do que foi o show, no lugar de uma análise aprofundada.

2) Até poucos meses atrás, apesar de ter 2 CD’s da banda, eu conhecia bem mesmo por volta de apenas 10 músicas deles.

3) Marcado o show e ingresso comprado, fui atrás dos outros CD’s e elaborei uma playlist de cerca de 40 músicas, baseado numa pesquisa própria e consulta a amigos, contendo esta boa parte do que era mais provável que viessem tocar.

4) A pedido do meu amigo e gestor deste site, Rômulo Metal, aqui estou a, humildemente, descrever o que pude apreciar na bela noite de 11 de novembro passada. (Ah, este convite foi feito PÓS-show, então não fui preparado pra fazer uma cobertura completa, mas farei o melhor possível).

O Pearl Jam havia se apresentado somente uma vez em Porto Alegre, quase 6 anos atrás (Ginásio Gigantinho, 28/11/2005), e já havia grande expectativa por outro show da banda na capital gaúcha. Também era oportunidade pra amadores como eu poderem ver a banda pela primeira vez. Desta vez num estádio, local mais apropriado que um ginásio, para um show deste porte.

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Confesso que cheguei ao local muito perto do horário do show, que estava previsto para começar às 21h, e começou por volta de 21:20, o que me permitiu enfrentar uma das gigantescas filas pra usar o banheiro antes do show começar. Devido a minha chegada tardia, perdi os shows de abertura da banda local Wannabe Jalva e da americana X. Esta última, veterana do punk rock, que vem acompanhando o Pearl Jam nesta turnê. Eddie Vedder, inclusive, participou da última música do show deles.

Partindo pra atração principal da noite, o Pearl Jam abriu o show com tudo, engatando uma paulada atrás da outra: Why Go, Do The Evolution, Severed Hand, Corduroy (pra mim, uma das músicas que mais tem a cara da banda, pela evocação da liberdade e autossuficiência) e Got Some, até finalmente dar uma acalmada com a balada Low Light, e, seguindo no disco Yield, o hit Given To Fly.

O Pearl Jam é uma banda que costuma variar o setlist de show para show, tocando, ao longo da turnê, praticamente todas as músicas que gravaram em registros de estúdio, incluindo alguns B-sides e covers. É realmente difícil prever o que haverá em cada noite, que sempre guarda suas surpresas.

Visitando os discos do começo da carreira, a banda engata a bela Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town e Even Flow logo em seguida, levando o público ao delírio com este que é um dos hinos do grunge. Tanta empolgação fez com que Eddie pedisse para que as pessoas mais a frente do palco dessem, calmamente, um passo para trás, querendo evitar acidentes. Unthought Known preparou terreno para, finalmente, uma das poucas músicas do set que eu não conhecia, a soturna Present Tense, que lastimei demais não ter incluído na minha playlist de preparação pro show, de tanto que gostei já na primeira ouvida. A clássica Daughter (que, num dos shows da turnê, foi cantada por um fã chamado ao palco por Eddie Vedder – é eu sei) deu sequência no show, e como tinha aproveitado a “pausa” de Present Tense, cantei esta de mais uma respeitável fila para o banheiro. Ao final dela já consegui voltar pro meio do povão da pista pra ver ½ Full, Wishlist e Rats, antes da primeira parte do show se encerrar com o “B-side” State Of Love And Trust (que já havia sido tocada no show de 2005) e a balada Black, que, infelizmente, teve uma quantidade ínfima de isqueiros e celulares levantados pelo público (afinal, estamos em 2011, e os shows e público de rock não são mais como no século passado – me estenderei sobre isso mais adiante),  que ao menos seguiu cantando os “uuh-uuh” mesmo depois da música terminada.

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Antes da banda voltar ao palco, o vocalista Eddie Vedder, que ocasionalmente se comunicava com o público através de algumas mensagens lidas em português, lembrou a data especial (11/11/11) e disse que era aniversário de sua esposa, que estava em Seattle naquele momento e estava com saudades dela, ao que se seguiu um frenesi sonoro predominantemente da parte feminina do público. Abriu uma garrafa de espumante, que logo em seguida passou para a platéia, e tocou, só com voz e violão, a balada Just Breathe, do último disco, Backspacer. Surpreendendo, Oceans, do disco Ten, foi tocada pela primeira vez na turnê, um privilégio do público gaúcho. Logo depois da porrada Comatose, veio a maior surpresa pessoal da noite, Light Years, que eu havia incluído na minha playlist mesmo ela não sendo executada com grande frequência em shows. Dedicada a Joey Ramone, ela foi seguida de um cover dos próprios, I Believe In Miracles (que também havia sido tocada em 2005, naquela vez com Marky Ramone dando uma canja). The Fixer e Rearviewmirror encerram o primeiro bis (se é que podem ser chamados de bis com tantas músicas, compondo quase metade do show), esta última mais prolongada, característica que algumas músicas foram tomando, mais na parte final do show, ao contrário do início frenético.

Abrindo o segundo bis, Last Kiss (olha a rima do poeta), de Wayne Cochran, foi uma das mais entoadas pelo público, provavelmente devido a grande execução nas rádios na época de seu lançamento. Na sequência, Eddie deixa o público cantar o início de Better Man, mas não há um uníssono percorrendo o estádio, infelizmente. De onde eu estava, era um dos poucos que cantou toda a letra com entusiasmo. Tocando mais um cover que já havia sido executado em 2005, Crazy Mary, de Victoria Williams, abriu-se espaço para um dos grandes momentos da noite, dois clássicos do disco Ten. Mas calma, não sem antes Eddie chamar ao palco um pequeno fã, de cerca de 10-12 anos, acompanhado de dois jovens para assistirem, confortavelmente sentados, ali mesmo, ao resto do show. Era notável pelo telão quão emocionados estavam os sortudos. Jeremy e Alive arrancam grande retorno dos espectadores, que não param com Rockin’ In The Free World, de Neil Young.

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Estava bom demais, mas tinha que acabar uma hora. Mudando o tom da apresentação, a banda encerra o show com duas músicas mais calmas, Indifference e Yellow Ledbetter, com as luzes do Estádio Zequinha já inconvenientemente acesas.

Um senhor espetáculo de simplicidade (sem grandes efeitos de luz, fogos, cenários, nada disso) e música de excelente qualidade. É isso que o Pearl Jam faz e é o que basta para agradar qualquer público. Mesmo um público que (generalização a seguir) hoje parece ir mais aos grandes shows apenas para dizer que foi, marcar presença. Fui em muitos shows nos últimos anos, e lembro que tempos atrás as platéias eram mais animadas, levantavam muito mais isqueiros nas músicas apropriadas, ao invés de câmeras e celulares gravando o show inteiro. As pessoas pulavam e agitavam muito mais. É o velho saudosismo batendo, não tem escapatória. Parece que tudo que é do passado é melhor, e nesse caso, parabéns ao Pearl Jam pelos 20 anos de carreira, e obrigado pelo presente que nós que ganhamos na sexta-feira passada em Porto Alegre.

(Obs.: Devem ter reparado que pra algumas canções específicas fiz referência à execução anterior, no show de 2005. É porque se referem a “b-sides”, covers, etc. Que eles costumam variar com frequência, mas Porto Alegre teve o “azar” de vê-las sendo novamente tocadas, quando havia outras opções. Saliento isso pois para alguns pode ser frustrante não ouvir uma opção nova, o que também não aconteceu quando o Metallica, por exemplo, no ano passado tocou novamente Die, Die My Darling no show daqui. Apenas reflexões de um aficcionado por setlists.)

Setlist

1 – Why Go
2 – Do The Evolution
3 – Severed Hand
4 – Corduroy
5 – Got Some
6 – Low Light
7 – Given To Fly
8 – Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
9 – Even Flow
10 – Unthought Known
11 – Present Tense
12 – Daughter
13 – 1/2 Full
14 – Wishlist
15 – Rats
16 – State Of Love And Trust
17 – Black

Bis 1:

18 – Just Breathe
19 – Oceans
20 – Comatose
21 – Light Years
22 – I Believe In Miracles (cover Ramones)
23 – The Fixer
24 – Rearviewmirror

Bis 2:

25 – Last Kiss (cover Wayne Cochran)
26 – Better Man
27 – Crazy Mary (cover Victoria Williams)
28 – Jeremy
29 – Alive
30 – Rockin’ In The Free World (cover Neil Young)
31 – Indifference
32 – Yellow Ledbetter

Let’s play GRUNGE!