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Post feito por Christian Heit (o popular Murilo Armageddon)  – @AwareRocks

Pain Of Salvation – Teatro do CIEE – 29/09/2012

Preâmbulo:

(Pain Of Salvation poderia ser enquadrada por muitos na famosa categoria “ame ou odeie”. Não gosto de simplificar a produção de um artista desta maneira, mas muita gente tem essa postura acerca da banda. Fosse o meu caso penderia pro lado “ame”.

O prog-metal que o POS faz não é fácil de digerir. Eu mesmo só consegui gostar da banda na TERCEIRA chance que dei pra eles. Após ver amigos seguidamente se declarando de amor pelo trabalho deles. E foi nessa vez que deu o CLICK. Deixei de lado o preconceito com o nome* meio “emo” (termo que nem havia estourado ainda) e com alguns tímidos flertes com o new-metal, e aí foi só alegria…)

A terceira vinda à capital gaúcha proporcionou ao Pain Of Salvation a oportunidade de fazer um show “solo”, financiado pelos próprios fãs através de crowdfunding. Nas outras duas vezes vinha como atração conjunta nas dobradinhas com Evergrey (2005) e Symphony X (2011).

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Com poucos minutos de atraso, após uma introdução às escuras com a música “The Flesh Failures/Let The Sunshine In” do musical Hair, o show tem início mostrando uma banda que não tem medo de fugir do lugar-comum: apenas o vocalista Daniel Gildenlöw entra no palco para cantar a soturna “Road Salt” somente com o playback do instrumental, servindo como um convite para a jornada que o público atravessaria com a banda pelas próximas quase duas horas. E é no clima dos dois últimos discos (Road Salt One e Road Salt Two) que se dá a primeira parte do espetáculo, com a bela introdução “Road Salt Theme” seguida de “Softly She Cries” e “Linoleum”.

Após a execução de “Diffidentia (Breaching The Core)”, o descontraído Daniel dá um puxão de orelhas no público, que está com uma postura um pouco tímida, comparando-o com o da noite anterior no Rio de Janeiro, que estava mais entusiasmado. Apesar do excelente som do local da apresentação, um teatro, a natureza do ambiente não ajudava muito. Embora todos tenham ficado de pé em meio as fileiras de cadeiras, não havia aquela aglomeração pulsante em frente ao palco, característica dos shows de rock. (Devo mencionar dois fãs alucinados, um rapaz e uma garota, no canto direito do palco, demonstrando empolgação sem igual, pulando em quase todas as músicas e que chamaram, positivamente, a atenção de Daniel.)

Apesar das alfinetadas nos presentes, Daniel se mostra um sujeito bem-humorado e bastante falante, conversando com o público fluentemente e sem apelar pra frases de efeito e esquemáticas. É nessa onda que são entregues a ele e ao novo guitarrista Ragnar Zolberg dois violões, ao que ele emenda que “aquilo não ajudaria muito para levantar o pessoal”. A parte acústica serviu para a execução das novas canções “1979” e “To The Shoreline”.

Em seguida, um dos grandes momentos do show: um pequeno set dedicado inteiramente ao disco The Perfect Element I (e, para meu deleite, praticamente as minhas preferidas deste, como se eu tivesse escolhido o setlist: tocaram as 4 primeiras desta fantástica obra e “pularam” para Reconciliation). Não bastasse essa avalanche de músicas espetaculares, ainda emendam a épica “Iter Impius” do disco BE. Poderia ir embora nesta hora que já teria sido uma noite plenamente satisfatória.

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Sendo o 4º show em 5 dias (e com mais um marcado para o dia seguinte), a maratona parece ter esgotado um pouco os membros, que, mesmo assim, apresentaram uma performance incrível. Ocorreram alguns poucos e irrisórios tropeços em algumas músicas que não eram tocadas há muito tempo (e por uma banda que trocou praticamente todos seus membros nos últimos anos) que exigem muita técnica, e também alguma enrolada de Daniel em uma que outra letra pelo mesmo motivo. Nada que pudesse chegar perto de atrapalhar um espetáculo inesquecível, de uma banda que busca constantemente se recriar.

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A quebradíssima “Stress” e “Undertow” (cantada pelo guitarrista Ragnar) precedem mais uma surpresa: “Beyond The Pale”, a música que fecha o disco Remedy Lane serve também para fechar o set (antes do bis, claro), com os músicos se retirando aos poucos do palco enquanto a música vai chegando ao fim. Na volta, duas músicas do disco Road Salt One fecham de vez a apresentação: No Way e Sisters

A sensação mais recorrente e prazerosa da noite: apesar de, no geral, o tom das músicas do Pain Of Salvation ser predominantemente pesado e melancólico, ao final de cada uma era impossível não abrir um enorme sorriso de felicidade e satisfação, por presenciar uma apresentação cheia de sentimento e entrega, como poucos conseguem transmitir.

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Setlist:
01 – Road Salt
02 – Road Salt Theme
03 – Softly She Cries
04 – Linoleum
05 – Diffidentia (Breaching The Core)
06 – 1979
07 – To The Shoreline
08 – Used
09 – In The Flesh
10 – Ashes
11 – Morning On Earth
12 – Reconciliation
13 – Iter Impius
14 – Stress
15 – Undertow
16 – Beyond The Pale
bis:
17 – No Way
18 – Sisters

*Daniel Gildenlöw sobre o nome da banda (tradução livre):

“Pain of Salvation (dor da salvação) tem o significado do equilíbrio. Contando o bom e o ruim. (…) é um revés no que seria uma jornada sem dor rumo ao seu objetivo.”
“Imagine-se exausto no meio do deserto… Sentar vai aliviar a sua dor, mas vai te matar. A busca pela água vai doer mas pode salvar sua vida.”

Let’s play PROGRESSIVE ROCK!