Por Patrícia Giovanetti.

…E onde ela quiser.

Mais um ano comemoramos o Dia Internacional das Mulheres. A gente comemora em termos, porque ainda tem muita coisa pra vencer.

Cada dia que passa a gente tenta sobreviver ao machismo, ao preconceito e a todos os julgamentos de que “não somos capazes de algo” ou “isso é coisa de mulherzinha” em tons pejorativos como se ser mulher  fosse algo frágil. Não, não somos. Somos fortes, guerreiras e lutamos diariamente para termos nosso espaço.

A provação de conhecimento acontece a todo momento. Se uso uma camiseta de banda, há uma grande probabilidade de ser questionada sobre a formação, a discografia, turnês, cor da cueca do vocalista… Não gente, não precisa. E não faz o mínimo sentido! Esse preconceito não acontece só no meio de homens. Por muitas vezes fui julgada por mulheres por eu gostar de Rock e ser tida como “sapatão”, “mulher macho”, e por aí vai (perdão os termos pejorativos)…

Fico imaginando as grandes mulheres que fizeram história no Rock o quanto não sofreram para estarem onde estão. O quanto foi difícil mostrar que seus talentos estavam em suas vozes, mãos, e não nas suas curvas. Alanis Morissette contou uma vez que, quando foi fechar contrato com uma grande gravadora, foi pega de surpresa e do nada apareceram dizendo que ela precisava conhecer “o pessoal do selo da Madonna” e tinha que ser naquele instante. Só que estava vestindo um moletom e não podia esperar nem mais um segundo. Ela termina então dizendo: “A minha primeira reunião com toda a equipe foi usando um moletom. Foi horrível, mas felizmente gostaram da minha música”.  Que bom pra nós inclusive, Alanis!

Falando nela, sem dúvidas é a minha musa inspiradora. Alanis chegou derrubando portas e com seu estilo “Angry Woman”, balançando suas cabeleiras e cantando suas decepções, sonhos e realidade, com força, coragem e pouco se importando com o que vestia. Sempre me senti representada por suas canções e suas atitudes. Mas não vou me estender porque tem um podcast todo dedicado a ela.

As irmãs Ann e Nancy Wilson do Heart, não ficam atrás. A banda que surgiu nos anos 70, enfrentou problemas até mesmo com a sua gravadora, Mushroom Records, que inventou um boato de que as irmãs tinham um caso incestuoso somente para atrair publicidade. Esse caso acabou inspirando Ann a compor um dos maiores hits do Heart, Barracuda. Ela diz que a canção é algo para inspirar as mulheres a “fazer o que querem e o que não querem”. Em uma entrevista para a revista Rolling Stone, Ann conta sobre os abusos sofridos durante a carreira e tudo que teve que engolir para continuar seguindo seu sonho: “Quando estávamos com 20 e poucos anos, íamos a estações de rádio e diziam: 'amamos suas tetas'. Era irritante. E se me tocassem – era a sensação mais nojenta de todas. Mas nos anos 70, se eu contasse ao meu empresário que qualquer DJ havia tocado o meu ombro de um jeito errado … quem seria demitida? Eu".


Se a gente parar para procurar a verdadeira história por trás dessas mulheres, não só as artistas, sempre acharemos situações abusivas. Não é fácil ser uma, meus caros. Todos os dias é um levantar de cabeça e um “fingir não ligar para isso”.

E olhando para todas essas vozes maravilhosas que cantam nossas dores, sonhos, desilusões, conquistas, pela nossa perspectiva, nos dá a sensação de ter voz nesse mundo carregado de machismo e achismo.

A gente precisa de voz. Mas a gente precisa muito mais de ouvidos. De empatia e entendimento.
Ouçam-nas.
Ouçam-nos.
A igualdade começa aí.

Feliz novas conquistas para todas nós mulheres.

Deixo AQUI uma playlist que eu fiz com algumas das minhas vozes favoritas.