(Texto por Rômulo Konzen)
Às 21h15 do dia 30 de setembro Humberto Gessinger sobe ao palco de um Auditório Araújo Viana lotado em Porto Alegre para fazer o primeiro show de sua nova turnê, divulgando o disco recém lançado “Quatro Cantos de um Mundo Redondo”.
Logo ao chegar me impressionei muito. Não lembro de ter visto o Araújo Viana tão cheio. A impressão era de que foram vendidos lugares em pé, pois os assentos estavam preenchidos e mesmo assim se acumulavam pessoas nas rampas laterais. Infelizmente, a energia da plateia estava inversamente proporcional ao seu tamanho.
Humberto estava visivelmente tenso. O que é esperado de um primeiro show de turnê nova. Errou a hora que seus companheiros deveriam sair do palco para dar lugar aos convidados e até trocou o nome de um deles. Sempre encarando as gafes com leveza e simpatia, nunca tentando disfarçá-las.
O que assisti naquela noite de sábado foi uma apresentação feita para o próprio Gessinger e não para o público, que a meu ver acabou se sentindo levemente entediado. O Setlist contou com no mínimo quatro músicas do novo disco, que foi lançado há 1 semana, não dando tempo nem ao maior fã de assimilá-las. Disco este que não me agradou. Musicalmente está bonito, mas liricamente achei bobo e pouco inspirado (mas isso é papo para um review do álbum).
A meiuca do show acabou sendo uma barriga grande, com músicas novas e outras de sua carreira solo, que por mais bacanas que sejam, não trazem o apelo de clássicos do Engenheiros do Hawaii. Foi preciso que um fã demasiadamente empolgado (ou alguém da produção, não consegui distinguir) andasse por toda a frente do auditório gesticulando para que a galera se levantasse. O que foi atendido, porém uma canção depois, dois terços estava novamente sentado.
Humberto contou com sua dupla de músicos já costumeiros, o baterista Rafael Bisogno e o guitarrista Felipe Rotta, também a dupla que sempre o acompanha no momento acústico do show, o gaitero Paulinho Goulart e o baixista Nando Peters. E mais três convidados que participaram da gravação do disco, o batera Luigi Vieira, o tecladista Diego Dias e o baixista Fernando Petry. Inclusive nunca havia visto um músico ter tanto destaque em uma apresentação do Gessinger quanto Fernando Petry teve. Um dos pontos altos foi vê-lo abusando de slaps e linhas de baixo frenéticas.
Apesar da grande quantidade de excelentes músicos convidados, nenhum deles carregava um mínimo de apelo para o público, que se sentiu assistindo um punhado de amigos do Humberto tocando com ele. Porém, esse clima de amizade e descontração resultou em um bis muito bacana, onde todos os músicos voltaram para o palco e tocaram juntos, formando uma banda de oito pessoas, onde instrumentos foram trocados enquanto a música acontecia.
Assim encerrava meu 9º show do Humberto Gessinger. Sempre uma experiência agradável, porém desta vez, apesar de momentos incríveis como a super banda no bis e a habilidade de Fernando Petry no baixo, sai com o sentimento de expectativa não alcançada. Sem dúvidas o show mais fraco que já assisti do Gessinger. Uma quantidade exagerada de músicas novas, muitos convidados que ninguém conhecia e a estrela da noite nervosa. Dito isto, estarei animado e pronto para o próximo.