Texto por Carlos Augusto Monteiro.

 

 

Era um vez um garoto que amava os Beatles e Jimi Hendrix. Numa época quando ninguém imaginava que ainda podia-se criar um estilo único de guitarra, ele foi lá e lançou logo em seu primeiro disco a canção “Eruption”, uma faixa instrumental com impressionante solo de guitarra, parte do álbum que levava seu sobrenome e de seu irmão, ambos de nacionalidade holandesa.

 

Foi quando já moravam nos Estados Unidos que os dois, a bordo de uma máquina do rock azeitadíssima, e com um Frontman, com “F” maiúsculo e um baixista preciso, chacoalharam o mundo do rock no fim dos anos 70 e início dos 80.

 

Esse guitarrista, que atendia pelo nome de Eddie Van Halen, elevou a guitarra elétrica ao nível artístico dos seus mestres e, infelizmente, finalizou hoje uma carreira de 48 anos com essa banda que transformou o hard rock em arte e inspirou tantas outras. Lutando contra um câncer há anos, hoje foi confirmada sua morte, aos 65 anos, jogando mais tristeza nesse ano tão problemático.

 

Eddie, seu irmão baterista Alex Van Halen, o vocalista Dave (Diamond) Lee Roth e o baixista Mike Anthony fizeram sucesso a reboque do estilo “tapping” do guitarrista (a famosa batida de dedos com ambas as mãos direita e esquerda no braço do instrumento) e tantas outras técnicas geniais, além de incríveis composições e, claro, incrível performance de palco.

 

Surpreendentemente, a banda veio aqui ao Brasil já no auge em 1983, quando ainda não era tão comum vermos artistas internacionais por aqui. Infelizmente, nunca mais voltou.

 

Após a saída de Dave Lee Roth, o Van Halen ainda manteve uma carreira memorável com o vocalista Sammy Hagar (que aliás cancelou sua primeira vinda ao Brasil este ano no início da pandemia). Dave Lee Roth, aliás, esteve por aqui solo, em 2006.  A banda já teve também o vocalista do Extreme, Gary Cherone, assumindo o posto.

 

Embora meio parada, permanecia “ativa” oficialmente com Dave de volta aos vocais e o filho de Eddie, Wolfgang, no baixo, junto ao pai e o tio.

 

É uma trajetória que se encerra melancolicamente num momento em que não existem shows de rock acontecendo. Mais um choque de realidade para os fãs.

 

Não haverá mais o hard rock divertido e precioso do mestre Eddie Van Halen para ser visto, mas sua obra continua para ser apreciada.

 

Hoje é dia de botar “Eruption” em alto som e fazer air guitar!

 

E também colocar no talo “Jump”, “Why can´t this be love”, “Hot for the teacher”, “Panama”, “Finish what ya started” e tantos clássicos inesquecíveis de um cara que, se saiu de cena silenciosamente, fez história e muito barulho com abençoadas cinco cordas.