Texto por Leandro Pereira.

 

 

Vivemos tempos sombrios, isso é fato. Porém são também, tempos férteis para qualquer banda punk que se preze para escrever letras e destilar tudo em som raivoso e agressivo. O Bad Religion sempre fez isso com classe, garbo e elegância (se é que isso é possível dentro do punk rock). Com letras sempre profundas, inteligentes, irônicas e mordazes, a banda lança seu décimo sétimo álbum de estúdio entitulado “Age of Unreason”. O nome já diz ao que veio. A sonoridade? A mesma de sempre (ainda bem!), músicas ora rápidas, ora mais cadenciadas, com melodias lindíssimas e harmonias inspiradas já tão características do Punk Rock mais BONITO já feito.


Enquanto alinho o texto dessa resenha no Word á esquerda, convido-os a degustar esse faixa-faixa aqui com o tio punk.


1 – CHAOS FROM WITHIN: o disco já começa com o pé embaixo! Introdução de batera moendo, uma paulada de menos de 2 minutos. Mas com uma melodia que podia ser uma bela balada folk. Vou tentar não me repetir muito quanto a parte lírica, pois essa é sempre primorosa! É meus amigos, é o caos que vem de dentro.


2 – MY SANITY: Punk encontra o Country. Que coisa mais linda. Sobra até espaço para Slide Guitar e um belo solo. E que letra senhoras e senhores! Quando o mundo todo ficar maluco, será que a música será o suficiente para segurar nossa sanidade? “There comes a time when you look up to the sky and ask why do my favorite songs always make me cry”.


3 – DO THE PARANOID STYLE: Chegamos já em minha música favorita. Terra plana, mudanças climáticas sendo uma conspiração da esquerda, anti-vacinação,etc. Parece que metade do mundo meteu um sorvete na testa e ficou pinéu? Junte-se ao Bad Religion nessa dança no estilo paranóico. Música frenética, agitada, letra no melhor estilo irônico Dead Kennedys (da fase do Jello Biafra, não os velhotes Chicken Kennedys de hoje em dia). Perfeita!


4 – THE APPROACH: Voltamos ao hardcore. Melodias de arrepiar. É uma boa música, mas ao meu ver perde um pouco em relação as 3 anteriores e dá uma abaixada na bola do disco.


5 – LOSE YOUR HEAD: “I ain't superstitious but hey do you know a good exorcist?” Com essa brilhante linha, abrimos a quinta canção do disco. Música cadenciada de 2 minutos e meio que fala sobre o tema preferido da banda. Adivinha? Isso mesmo. Religião. Boa música, mas nada de espetacular.


6 – END OF HISTORY:  De que lado você quer estar no fim da história? Um punk rock safado e alegre, com uma letra que destroça tudo isso que está aí. “Nostalgia is no excuse for stupidity. I don't believe in golden ages or presidents that put kids in cages”.


7 – AGE OF UNREASON: Faixa homônima. Hardcore pegando, guitarras oitavadas e aquelas melodias que dá vontade de abraçar. No melhor estilo clássico da banda. Minha segunda favorita! Fodaçaralha.


8 – CANDIDATE: Outra letra genial que ataca os candidatos “ídolos” e “mitos “ da galera. Mas musicalmente é bem fraquinha, uma das mais fracas do disco.


9 – FACES OF GRIEF: Opa que o fôlego voltou.Hardcore paulada na moleira. Letra que escancara as mais diversas faces da ganância. 1 minuto de voadora no ar e pogo garatindos!


10 – OLD REGIME: “Yeah the new aristocracy just smells like the old regime” Precisa falar mais sobre a letra? Sonoridade clássica da banda com coros, harmonias épicas e andamento frenético. 


11 – BIG BLACK DOG: Talvez a mais diferentona do disco. Uma pegada mais classic rock, hard rock. Pode agradar quem acha o estilo da banda mais repetitivo. Apesar desse diferencial, acho uma música bem estranha e destoante. Até a letra me parece mais bobinha, falando sobre ditadores e autoritários que mais parecem cachorros em coleiras, babando e espumando de raiva.


12 –DOWNFALL:  Outra com uma levada mais rock and roll,  e apesar de ter até palminhas, não empolga tanto. Nem a letra meio apocalíptica salva. Parece que no final o disco vai perdendo o pique.


13 – SINCE NOW: Pique volta levemente aqui. Música bem marcada pelos backing vocals, começa bem punk rock e descamba para um belo hardcore no meio. Mas não passa de uma música regular. Liricamente também. 


14 – WHAT TOMORROW BRINGS: O disco termina com um ponto de interrogação. O que o futuro nos trará? Eu sei lá. Mas a música em si é bem legal, apesar de não surpreender tanto.

 

Veredicto: Belo álbum, nada de novo. Liricamente perfeito como sempre. Quem conhece Bad Religion sabe o que esperar. Começa espetacular mas vai perdendo o pique e acaba ficando mais entre altos e baixos. Indicado apenas para fãs do estilo. 8 caveirinhas.